Criptomoedas e Deep Web: Quando Satoshi Nakamoto lançou o Bitcoin em 2009, sua visão era criar uma moeda descentralizada que não estivesse sob o controle de governos ou bancos.
Ele também valorizava a privacidade e o anonimato, algo que, inevitavelmente, fez com que as criptomoedas fossem rapidamente adotadas em cantos mais ocultos da web:
Deep Web e Dark Web: O Que São e O Que Se Encontra Lá
Para entender a relação das criptomoedas com a internet obscura, é essencial conhecer a diferença entre a deep web e a dark web e o que essas camadas da internet abrigam.
1. Deep Web
A deep web é composta por partes da internet que não são indexadas pelos motores de busca padrão, como o Google.
Ela é imensamente maior do que a web que a maioria de nós conhece, abrangendo cerca de 96% de todo o conteúdo online.
A deep web não é intrinsecamente má ou perigosa; na verdade, ela contém uma variedade de recursos e informações benéficos e inofensivos.
- O que encontramos na deep web?
- Bancos de dados acadêmicos e bibliotecas
- Informações pessoais protegidas, como emails e dados bancários
- Fóruns e comunidades privadas
- Repositórios de documentos e arquivos
- Informações governamentais confidenciais
2. Dark Web
Já a dark web é uma pequena seção da deep web, intencionalmente oculta e inacessível por navegadores web convencionais.
Para entrar na dark web, ferramentas específicas, como o navegador Tor ou o I2P, são necessárias.
O anonimato é uma das características principais da dark web, tornando-a um terreno fértil para atividades ilícitas.
- O que encontramos na dark web?
- Mercados negros, vendendo de drogas a armas.
- Fóruns de hackers e venda de softwares maliciosos.
- Serviços ilícitos, incluindo contratação de criminosos e mercenários.
- Conteúdos proibidos ou censurados, desde livros banidos até materiais de extremismo.
- Sites de denúncia e plataformas de notícias independentes.
- Moedas digitais específicas para a dark web.
Contudo, é vital destacar que nem tudo na dark web é nefasto.
Como mencionado anteriormente, muitos usam essa parte da internet para evitar a censura, especialmente em regimes repressivos, ou para proteger sua privacidade de maneira geral.
A combinação da natureza clandestina da dark web com o anonimato proporcionado pelas criptomoedas fez com que elas se tornassem a moeda de escolha para muitas transações nesta área da internet.
Porém, é sempre importante ressaltar: tanto a criptomoeda quanto a própria dark web são ferramentas.
Seu uso, bom ou mau, depende da intenção da pessoa que as usa.
O Nascimento da Silk Road: Pioneiro no Uso de Criptomoedas
A Silk Road foi um dos primeiros e maior mercado negro online que operava principalmente com Bitcoins.
Fundada em 2011 por Ross Ulbricht, também conhecido pelo pseudônimo “Dread Pirate Roberts”, a Silk Road se tornou o epicentro do comércio de drogas ilícitas online.
Em sua essência, a Silk Road era como qualquer outro mercado online, mas se destacava por oferecer transações pseudo-anônimas e seguras, graças ao Bitcoin.
Durante seus dois anos de operação, estima-se que a Silk Road movimentou mais de 1 bilhão de dólares em Bitcoins.
No entanto, a operação foi interrompida em 2013, quando o FBI fechou o site e prendeu Ulbricht.
Anonimato: A Lâmina de Dois Gumes das Criptomoedas
O anonimato oferecido por certas criptomoedas é uma faca de dois gumes.
Por um lado, permite a pessoas em regimes autoritários transferirem dinheiro sem medo de censura ou confisco.
Por outro, facilita atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, armas e outros produtos proibidos.
E não é apenas o Bitcoin.
Moedas como Monero e ZCash, que oferecem níveis ainda mais profundos de privacidade, são as favoritas em muitos cantos obscuros da web.
É fundamental compreender que moedas, sejam elas fiduciárias ou digitais, são instrumentos neutros.
Da mesma forma que o dinheiro convencional é usado tanto para alimentar os pobres quanto para financiar atividades criminosas, as criptomoedas podem ser usadas para uma variedade de propósitos, bons ou ruins.
Culpar a criptomoeda pelo comportamento humano é como culpar a internet por sites de conteúdo questionável.
Em resposta ao crescimento da utilização de criptomoedas em atividades ilícitas, governos de todo o mundo têm intensificado seus esforços para regular e monitorar essas transações.
Afinal, o anonimato das criptomoedas não é absoluto, como evidenciado pelas várias prisões relacionadas à Silk Road e outros sites similares.
Explorando a Deep Web e Dark Web com Responsabilidade
Para aqueles que estão determinados a explorar a dark web, algumas práticas recomendadas incluem:
- Uso de VPN: Uma Rede Virtual Privada ajuda a ocultar sua localização e atividade online.
- Navegação com Tor: Tor é um navegador que permite acesso à dark web enquanto mantém seu anonimato.
- Evite armadilhas: Seja extremamente cauteloso. Scams, malwares e armadilhas estão em abundância. Nunca compartilhe informações pessoais.
- Eduque-se: Conheça as leis e regulações de seu país em relação ao acesso e atividades na dark web.
Qual o Futuro das Criptomoedas e da Deep Web?
As criptomoedas e a dark web são manifestações poderosas da inovação digital que emergiram nas últimas décadas.
Elas espelham a ampla gama de potencialidades humanas, abrangendo desde a aspiração de liberdade financeira e expressão não censurada até o submundo dos mercados ilegais e atividades ilícitas.
No entanto, como com quase todas as tecnologias, elas são apenas ferramentas, e a moralidade de seu uso recai sobre aqueles que as empregam.
É importante não vilificar as criptomoedas ou a dark web como entidades inteiramente maléficas, mas sim reconhecer que, como qualquer ferramenta, elas têm o potencial para beneficiar ou prejudicar, dependendo de como são utilizadas.
À medida que continuamos a navegar nesta era digital em rápida evolução, é imperativo que busquemos compreensão e educação.
Em vez de nos apegarmos a medos e incertezas, devemos nos esforçar para aprender e adaptar-nos, aproveitando as oportunidades positivas que essas inovações podem oferecer, enquanto nos protegemos de seus riscos.
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