Web 3 e Deep Web: Privacidade, descentralização e soberania.
Será que essas são características da Web 3, conhecida por soluções em blockchain, popularizada principalmente com o advento dos contratos inteligentes da Ethereum ou a Deep Web, conhecida por seus mistérios e lendas?
Vou te mostrar que essas redes possuem mais coisas em comum do que você imagina, e aproveitar para desmistificar algumas narrativas.
O intuito desse texto não é falar sobre histórias de bonecas humanas, imagens de terror ou os conhecidos tutoriais de como entrar na Deep Web, muito menos que Web 3 (também conhecida como Web 3.0) se resume apenas a criptomoedas.
Mas sim condensar a história da internet e principalmente o seu futuro.
O que é Deep Web?
A Deep Web é uma rede de internet formada por inúmeros sites, blogs, fóruns, banco de imagens e vídeos, ocultos para a maioria das pessoas.
Ao contrário da Surface Web, que é a “internet” que acessamos quando usamos o Youtube, Facebook etc. na Deep Web existe uma dificuldade maior para a indexação dos sites, pois atualmente com apenas um clique no Google podemos achar o que queremos.
Na Deep Web isso não é tão simples.
Ou seja, a ideia central da Deep Web pode até ser resumida em privacidade. Mas não é só isso.
Uma imagem que pode vir na cabeça de muitos quando falamos de Deep Web, além das coisas estranhas que possam existir lá, pode ser a de um iceberg:
Não é um exemplo muito correto, pois Surface Web, Deep Web e Dark Web é uma coisa só: internet. Mas para facilitar a compreensão, a ideia de que a Surface Web é apenas uma ponta do iceberg é digna.
Quais são as camadas da internet?
- Surface web: possui sites que mecanismos de busca como o Google, Bing e Yahoo conseguem exibir para o usuário em suas buscas.
- Deep web: contém sites e serviços que mecanismos de busca padrões não conseguem indexar, ou exibir. Geralmente são sites .onion ao invés de .com.
- Dark web: sites e serviços que só podem ser acessados de forma direta, ou seja de pessoa para pessoa (P2P).
Como já mencionei, essa rede foi criada com propósitos de privacidade, descentralização e soberania, mas você sabia que seu processo de criação se deu pelas forças armadas americanas?
Assim como o TOR, o principal navegador utilizado para acessar a Deep Web, foi construído com ajuda da DARPA, uma agência militar norte americana criada na guerra fria.
Pois é, na prática, conteúdos tóxicos e de procedência duvidosa não existem apenas na Deep Web. Através de uma simples pesquisa no Google podemos encontrar conteúdos chocantes.
Podemos perceber então que isso não é um problema da ferramenta, mas sim de quem a usa.
Isso te lembra notícias que tentam assemelhar o Bitcoin com lavagem de dinheiro, como se ele tivesse sido criado para isso?
Essa narrativa foi muito comum no auge da Silk Road, um mercado de produtos ilícitos operado na deep web, que tinha como principal moeda de troca o Bitcoin.
Mas tenha em mente que:
Surface Web, Deep Web e Dark Web é tudo a mesma coisa. Web 1, Web 2, Web 3 também: internet.
São apenas divisões empíricas.
Aonde vamos chegar com isso?
Assim como, principalmente, a Dark Web é utilizada para o mal, mas também para fugir de governos autoritários e até mesmo para encontrar fotos de gatinhos.
O Bitcoin e outras criptos podem ser úteis para nos protegermos da centralização do modelo econômico atual ou até mesmo para realizar o mal, assim como qualquer outro dinheiro.
O que é Web 3?
Entender o que é Web é essêncial, afinal a internet está evoluindo, mas o objetivo central continua o mesmo: distribuição e troca de informações. Se hoje existe uma Web 3.0, existiram outras, certo?
Sim, e a divisão entre as três pode ser bem subjetiva. Na imagem abaixo podemos ver como exemplo, a estrutura de diferentes meios de acesso na internet:
Mas o que de fato isso significa?
Nas literaturas, o que mais encontramos sobre os “tipos” de internet, basicamente, é:
Quais são os tipos de internet:
- Web 1.0: a maioria dos usuários a utilizavam apenas de maneira passiva, consumindo conteúdo, sem ter muitas ferramentas para interagir com os sites, que eram estáticos e nada dinâmicos. Um bom exemplo seriam sites que fornecem informações sobre o proprietário, mas nunca muda.
- Web 2.0: a era social. Aqui os usuários podem criar os seus próprios conteúdos e distribuí-los por todo o mundo, através de blogs, chats e é claro, redes sociais, como Facebook e Instagram. Mas existe um problema: Quem tem o controle dessas criações?
- Web 3.0: aqui entramos na era dos propósitos: privacidade, descentralização e soberania. Espera, você já leu isso antes! Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web, descreve a Web 3.0 como web semântica. Ou seja, essa é a web escrita em um código que os computadores podem entender tão bem quanto os humanos.
Mais uma vez, vale ressaltar que a internet é apenas uma. Porém, essa divisão empírica é utilizada para diferenciar as fases durante a sua existência.
Qual a diferença entre a Web 3.0 e Deep Web?
Para entendermos a diferença entre Web 3.0 e Deep Web, vale ressaltar primeito que não é meu intuito nesse texto te explicar conceitos técnicos, como, por exemplo, o que é uma rede P2P, mas sim a parte prática.
Cypherpunks: capa da revista Wired em 1993. “Rebeldes com uma causa (sua privacidade).
Hoje as empresas precisam dos seus dados, pois através deles podem conhecer melhor seus comportamentos, características e até mesmo oferecer anúncios personalizados, onde você será mais propenso a comprar algo.
O problema é que todo esse conteúdo nem sempre está seguro.
Lembra quando dados de 223 milhões de brasileiros foram vazados? Você foi indenizado por isso? A luta por privacidade vem muito antes dos tempos atuais.
Hoje não temos muitas opções: ou deixamos as empresas consumirem nossas informações, ou ficamos fora da internet.
Por isso, desenvolvedores se uniram e começaram a fazer projetos que respeitam a privacidade e a soberania dos usuários, por exemplo, Satoshi Nakamoto.
Web 3.0 conceito:
O código aberto é a obrigação na Web 3.0 e DAOs estão em toda parte.
Transparência, privacidade e soberania, esses princípios impulsionam a evolução da Web 3.0 a partir dos remanescentes decadentes da Web 2.0.
Você finalmente pode ter o controle e autonomia dos seus dados.
A Web 3.0 apoia vocalmente o direito à privacidade, a Deep Web exige privacidade de seus usuários, já a Web 2 desconhece o significado disso tudo.
O fato é que, dependendo do seu propósito, a Deep Web pode levar os usuários à oposição de forças tiranas.
Pessoas vivendo em opressão e jornalistas invocam a ira de vários governos autoritários, que vão cumprir sua estimativa de “justiça” se alguém escorregar e se enganar.
A Web 3.0 já possui a independência nativamente em seus códigos, graças a descentralização, segurança e privacidade oferecidas por blockchains.
Já a Deep Web requer independência, pelo uso de VPNs e Tor, sendo essencialmente obrigatórios, para proteção contra doxing e para acessar os sites .onion que compõem grande parte dessa rede.
Antes das DeFi, das NFTs e da Web 3.0, a Deep Web, especificamente os sites de mercados negros, representava um dos primeiros grandes casos de uso de criptomoedas antes delas se popularizarem.
Conclusão
A Deep Web é uma lição sobre o poder que pode ser exercido através da internet, bem como sobre como projetar sistemas que subvertem esse poder.
Estamos construindo um modelo revolucionário chamado Web 3.0 que preservará nossa privacidade e anonimato, bem como nosso direito à liberdade de expressão.
Acredito ser de extrema importância não comprometermos os valores fundamentais, como a infraestrutura que estamos construindo permaneça descentralizada e evite cair nos padrões de exploração da Web 2.0.