Ripple (XRP) valerá a pena para 2023? SEC errou?

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Altcoins, Criptomoedas

XRP é uma das maiores criptomoedas do mercado e sempre assunto na mídia. A moeda da Ripple chegou a ter uma capitalização de mercado maior que 100 bilhões de dólares no seu auge, mas vem enfrentando um dos maiores processos legais da história da web 3, juntamente contra a SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.

A XRP da Ripple valerá a pena para 2023? SEC errou? Vai explodir?

O preço da Ripple (XRP), hoje, ainda se mantém em centavos de dólares, e o preço mais alto (ATH) de 2022 ficou na casa de 0.8 dólares.

Oportunidade ou impertinência?

Será que a XRP da Ripple conseguirá vencer o processo judicial e ter um potencial de valorização nos próximos anos?

Neste texto você vai entender o atual cenário com a criptomoeda e o que pode acontecer no futuro.

O que é a XRP e Ripple?

Ripple XRP

Ripple é a empresa desenvolvedora da criptomoeda XRP, uma solução que existe desde 2013 e que vem se mantendo relevante no cenário cripto e web 3. A proposta principal é que ela funcione como uma espécie de meio de pagamentos descentralizado, quebrando barreiras, diminuindo taxas e processos burocráticos.

O time da Ripple tem e teve pessoas muito importantes no cenário de desenvolvimento de software. Alguns nomes são: 

  • Jed McCaleb, ex CTO da Ripple e fundador do protocolo Stellar (XLM).
  • David Schwartz, atual CTO da Ripple e uma das peças-chaves na criação da blockchain da empresa.
  • Ryan Fugger, originador do sistema de crédito da Ripple.

O time também conta com algumas peças importantes na área de negócios e inteligência de mercado:

  • Brad Garlinghouse, que tem a função CEO da companhia
  • Chris Larsen, um dos cofundadores, investidor anjo e ex executivo de negócios.

Agora que você foi introduzido ao protocolo, vamos entender qual a proposta de fato criada pela Ripple.

Como a Ripple e a XRP funcionam?

O principal motor de crescimento para a Ripple e a sua criptomoeda, estão no sistema bancário, porque a XRP funcionaria como uma moeda de troca para que os bancos fizessem transferências entre si, muito parecido com o sistema Swift, só que de maneira descentralizada e em blockchain.

A própria Ripple já divulgou parcerias com diversos bancos ao redor do mundo, dentre eles estão o American Express, Santander, RBC e UBS.

A grande ressalva é que a maior parte dessas parcerias não foram para frente de fato.

Algumas, na verdade, ficaram em um estágio embrionário, como por exemplo, vários bancos experimentando apenas sistemas de teste da Ripple ou até mesmo cancelamentos após o problema legal da empresa com a SEC no final de 2020, que explicarei no decorrer do texto.

Como a Ripple intermedia transações financeiras?

Em um exemplo, se João quiser enviar internacionalmente um montante financeiro para Pedro, o dinheiro precisaria passar por vários bancos que tomariam uma parte dessa quantia através de altas taxas ao longo do caminho.

Em transações feitas dentro da XRP Ledger, blockchain da XRP, a criptomoeda da rede realizaria a função de “moeda ponte”, que significa dizer que, se alguém tivesse de transferir dinheiro de um país para outro, e essa transferência não fosse possível por algum motivo regulatório, burocrático, ou porque é muito caro, a moeda da Ripple poderia ser utilizada para facilitar o processo.

Como assim?

Bastava uma das pontas, por exemplo, transformar dólares em XRP, ou outra moeda, em seguida enviar os XRPs convertidos para o destino, até finalmente os XRPs recebidos na outra ponta poderem ser convertidos na moeda de preferência.

Tudo isso através da blockchain, de maneira descentralizada, assim a transação ficaria mais fácil e barata.

Agora que você entendeu o principal uso da XRP, vamos entender um pouco mais como funciona o modelo econômico dessa criptomoeda.

Como funciona o tokenomics do XRP?

A XRP possui um tokenomics muito específico:

  1. A quantidade de emissão de moedas é totalmente limitada, ou seja, foi travada em 100 milhões e todas elas já foram geradas.
  2. Nem todas os XRPs estão em circulação no mercado, porque uma parte ainda está em posse da empresa Ripple, isso causa certa centralização no protocolo. Aproximadamente 60% do XRP são controlados pela Ripple, forçando os usuários a confiarem em uma entidade central (como um banco).

Ainda vale ressaltar que a blockchain da Ripple, XRP Ledger, pode ser utilizada para uso de contratos inteligentes das mais variadas formas: tokenizações, NFTs, DeFi, CBDCs e stablecoins.

Apesar disso, a rede não vem sendo tão utilizada há tempos e não chega nem perto da movimentação de blockchains como Ethereum, Solana e outras plataformas de contratos inteligentes.

Esse fator pode se dar principalmente por conta do processo que a Ripple enfrenta, que inclusive pode se tornar um grande problema para outras criptomoedas no futuro.

Ripple x SEC

Ripple XRP SEC

A SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, é a instituição mais importante quando se trata da regulação do mercado financeiro americano, que inclusive possui função parecida com a nossa CVM.

A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA foi responsável por mover um processo no final de 2020 contra a Ripple, a acusando de estarem fazendo venda de valores mobiliários, também conhecidos como securities.

Qual seria o problema disso?

Basicamente, securities são uma categoria de bens financeiros em que se encaixam, por exemplo, ações de empresas, ou seja, essa categoria de ativos sempre foi muito bem regulada.

No lançamento da criptomoeda XRP, para a SEC, a Ripple lançou securities sem ter autorização para poder fazer esse procedimento, afinal, o lançamento dessa categoria de ativos precisa ter autorização justamente dessa comissão.

Perceba que existem quatro pontos utilizados pela corte americana na hora de definir se um bem é ou não um valor mobiliário:

Como definir se um bem é um valor mobiliário:

  1. É um investimento feito em dinheiro?
  2. O investimento é um bem comum a todos os investidores?
  3. Existe a expectativa de geração de lucro?
  4. Esse lucro depende dos esforços de uma terceira parte?

Podemos perceber que os 3 primeiros pontos enquadram praticamente todas as criptomoedas existentes, mas o quarto ponto é o que justamente causa controvérsia.

O que o processo está tentando definir é se justamente a XRP se encaixa ou não em um tipo de investimento em que a sua valorização depende dos esforços de uma terceira parte. 

Ao entendimento do poder judicial, tudo depende se essa cripto é ou não descentralizada do ponto de vista de motores de crescimento para ela.

Analisar o decorrer desse processo também pode servir para entendermos o risco regulatório de várias outras criptos que existem no mercado.

Regulação das criptomoedas: elas serão classificadas como valores mobiliários (securities)?

No caso do Bitcoin, para a SEC, já se tem um entendimento muito maior que ele está mais próximo de uma comodity do que de security, porque os fatores que fazem essa cripto se valorizar não dependem de uma empresa centralizada, mas no caso da XRP sim: a Ripple.

Para o presidente da SEC, a maioria das criptomoedas devem ser categorizadas como securities. A regulação americana sobre as criptomoedas poderá ser uma grande destrava de valor para o ecossistema, ou uma pedra no sapato.

Para a SEC, a XRP se valorizaria muito mais pelas propostas de integração que estão sendo feitas pela Ripple e pelas ações que são tomadas pelos executivos da companhia. 

Todo esse processo acabou gerando uma perda de infraestrutura e capital muito grande para o ativo.

Inclusive várias corretoras de criptomoedas acabaram excluindo a XRP de seus pares de negociação, temendo que processo regulatório também sobre para elas, justamente por não serem autorizadas a oferecer transações de securities.

A grande questão é: mesmo eventualmente ganhando o processo contra a SEC, a Ripple seria capaz de retomar o tempo e capital que foi perdido?

Qual será o futuro da Ripple (XRP)?

Hoje, ao contrário de 2013, ano de fundação do protocolo, já existem propostas muito bem estabelecidas que tentam inovar na questão de meios de pagamentos.

Por exemplo, a Lightning Network, que permite transações de Bitcoin muito mais rápidas e baratas, ou até mesmo o uso das stablecoins de dólar, como USDT, USDC, BUSD, que oferecem a possibilidade de trocas financeiras facilitadas dentro do ambiente blockchain.

Vale ressaltar que, mesmo as soluções acima já estarem sendo amplamente utilizadas, as stablecoins também possuem um cenário regulatório incerto, principalmente com o advento de CBDCs.

Então, para finalizar, os pontos que precisamos entender para podermos decidir na hora de investirmos em XRP são:

  1. A Ripple aparenta ter uma proposta de investimento que pode estar ultrapassada.
  2. Hoje, no ambiente de meio de pagamentos em blockchain, já existe uma concorrência bem estabelecida, ao contrário de 2013.
  3. O processo contra a SEC comprometeu o desenvolvimento da infraestrutura do ecossistema e isso pode ter prejudicado a Ripple contra seus concorrentes. 
  4. A XRP é uma cripto bastante precificada pelo mercado, isso significa dizer que para manter o seu preço de maneira justa, ela já teria que possuir todos os pontos acima solucionados.