Você sabe como a criptomoeda Bitcoin e a tecnologia blockchain se relacionam? Este não é mais um texto daqueles que você facilmente encontrará através de uma simples pesquisa no Google.
Após grandes feedbacks do artigo “Como investir em criptomoedas como um profissional”, decidi dar um passo atrás e explicar o conteúdo básico para que você tenha uma base bem fundamentada para se tornar um investidor profissional em criptomoedas no futuro.
Esse será outro texto prático e objetivo sobre mercado financeiro, especificamente em criptomoedas.
Amadas por uns e odiadas por outros, esmiuçarei neste artigo o que você precisa saber sobre o tema revisitando a histórica e esmiuçando o futuro, o que é Blockchain e Bitcoin?
Antes de te falar sobre as criptomoedas, em um contexto geral, você precisa entender especificamente o Bitcoin, e a tecnologia por trás dele:
O que é Blockchain?
Imagine um livro aberto, em que todas as pessoas do mundo podem escrever o que quiserem e nunca mais apagarem.
Imaginou?
Talvez você tenha visualizado um cenário caótico, com pessoas escrevendo qualquer tipo de coisa.
Agora imagine esse mesmo livro com outros dois detalhes:
- As pessoas só poderão escrever se seguirem algumas regras para não virar bagunça.
- Qualquer um poderá analisar se as regras não foram quebradas.
Melhorou né?
Ah, daqui a pouco vou te explicar quais regras são essas.
Todas as informações neste livro são escritas em mensagens criptografadas, ou seja, em códigos. Esse processo é a base da confiança e da segurança do sistema, por isso o nome cripto em criptomoedas.
Falando em uma linguagem bem resumida e básica, isso é uma blockchain.
Essa tecnologia pode ser usada em cartórios, órgãos de inteligência e militares, sistemas médicos, seguros etc. Praticamente qualquer serviço que precise de um histórico de registros passados.
Imagina que legal se nossas votações e urnas possuíssem o sistema blockchain?
Mas quais são as regras para escrever no livro e como posso analisar se elas não foram quebradas? Explicarei agora com o Bitcoin!
O que é Bitcoin?
BTC é uma criptomoeda e o primeiro dinheiro digital descentralizado, criado por Satohi Nakamoto, um pseudônimo misterioso que ninguém sabe quem é.
Esse dinheiro digital permite transações on-line utilizando o sistema de blockchain P2P, onde não se necessita de uma instituição financeira reguladora, por isso descentralizado.
Peer-to-peer, pessoa-para-pessoa ou P2P, de maneira simplificada, é uma arquitetura de rede distribuída onde não é necessário um servidor central, ou no caso do Bitcoin, um banco.
Vários computadores ficam interligados ao mesmo tempo, funcionando como validadores das transações. Esses computadores são chamados mineradores, e ganham recompensas em Bitcoins por cada operação analisada e validada com sucesso.
Você se lembra daquele exemplo do livro?
Bem, os mineradores são quem analisam se o que foi escrito no livro é verdadeiro, ou seja, se as transações realmente aconteceram e se aconteceram apenas uma vez, evitando o gasto duplo.
Essas informações ficam registradas para sempre, de modo que nenhuma operação pode ser desfeita.
Outro sistema que utiliza a arquitetura P2P é o Torrent, onde você pode baixar arquivos de vários computadores espalhados pelo mundo ao mesmo tempo, não necessitando um servidor central.
E veja que interessante: a pirataria é algo comum no Torrent, mas esse não é um problema da tecnologia e sim dos objetivos de quem a usa, assim como golpistas que utilizam o Bitcoin para extorquir pessoas.
Caso queira uma definição mais técnica, recomendo a leitura white-paper do Bitcoin, escrito pelo próprio Satoshi: Clique aqui (O site bitcoin.org é uma organização sem fins lucrativos.)
Quais são os usos práticos do bitcoin?
No princípio o Bitcoin valia bem pouco, tanto que a primeira transação da história foi realizada para compra de uma pizza, pelo preço de 10 mil Bitcoins!
Na época esse valor era cerca de 40 dólares, porém com a valorização do BTC, essa se tornou a refeição mais cara da história.
O fato é que na época, nem mesmo os mais otimistas poderiam acreditar que o Bitcoin valeria tanto algum dia, porém com o passar dos tempos, graças principalmente à alta demanda institucional, e escassez da criptomoeda, houve grande valorização.
Tudo o que é escasso e possui algum uso prático para humanidade se torna mais caro, e pelo fato desse ativo ter caído na grande mídia e no gosto do público a moeda se valorizou bastante.
Pode parecer estranho, mas por ser um software, o Bitcoin pode mudar com o passar do tempo.
Mudanças de software no bitcoin são feitas por uma comunidade de desenvolvedores voluntários ao redor do mundo, utilizando código aberto.
Em primeiro lugar, as atualizações do Bitcoin são extremamente conservadoras e passam por um longo processo de validação, e em segundo, qualquer pessoa pode criar a sua versão do Bitcoin.
A palavra-chave é consentimento.
O sucesso da nova versão dependerá do consentimento do público e mineradores em a utilizar ou não.
Significa dizer que existem várias versões do Bitcoin, pois derivações, as quais chamamos fork, que são derivações da versão original surgem a todo momento.
A versão original do Bitcoin, mais usada, e provavelmente a que você conhece, chama-se Bitcoin Core.
Abaixo você pode ver a linha do tempo do Bitcoin original e as redes que derivaram dele:
Mas se o Satoshi criou o BTC, ele pode roubar tudo para ele?
Satoshi apenas criou o Bitcoin, e não o sistema blockchain. Assim como o Google criou o Gmail e não a tecnologia por trás do e-mail.
Dá para hackear o Bitcoin?
A tecnologia tende a evoluir com o tempo, por isso até mesmo, já é possível fazer transações de maneira offline. Até hoje, ninguém ainda conseguiu ainda hackear o Bitcoin, pois para isso seria necessário quebrar a criptografia da blockchain.
Talvez algum dia com computadores quânticos (LINK DO VÍDEO DO CARLOS SOBRE ISSO), mas até lá, existe um grande caminho de evoluções tecnológicas.
Lembre-se que o Bitcoin também sofre atualizações com o tempo.
É possível hackear o usuário de Bitcoin, mas o Bitcoin não.
Já o que acontecerá a respeito de quando a mineração acabar, afinal o bitcoin é finito, é uma resposta mais incerta, porém já existem alternativas como o proof-of-stake.
Quais são as vantagens?
- Liberdade de Pagamento: É possível enviar e receber qualquer quantia em qualquer lugar do mundo a qualquer momento.
- Taxas muito baixas: Pagamentos com Bitcoin são atualmente processados tanto sem taxas ou com taxas extremamente pequenas.
- Menos riscos para os comerciantes: As transações de Bitcoin são seguras, irreversíveis, e não contêm informações confidenciais ou pessoais dos clientes.
- Segurança e controle: Usuários do Bitcoin têm controle total de suas transações; é impossível que os comerciantes forcem cobranças indesejadas ou não notificadas como poderia ocorrer com outras formas de pagamento.
- Transparente e neutro: Toda informação a respeito da oferta monetária do Bitcoin está prontamente disponível na blockchain para qualquer pessoa verificar e utilizar em tempo real.
Outra questão que me deixou confuso no começo e que me fez entrar de maneira tardia no mundo das criptomoedas foi: Como comprar Bitcoin se hoje ele vale valores astronômicos?
A resposta é simples. Um Bitcoin é dividido em oito casas decimais, e a menor fração de um Bitcoin se chama Satoshi (0,00000001) o que significa que você pode comprar frações de Bitcoin e fazer um investimento muito mais barato.
O Bitcoin vai substituir o ouro?
Apesar de um dia ter sido amplamente utilizado como moeda, por ser um metal que não corrói, altamente maleável, e altamente resistente, hoje o ouro é mais utilizado como uma excelente reserva de valor, principalmente pelo surgimento das moedas fiduciárias.
Como disse antes, o Bitcoin é uma moeda escassa. O limite de quantas moedas irão existir foi estabelecido por seu criador, em exatamente 21 milhões e isso significa dizer que o BTC não é inflacionário e que só será possível minerar até aproximadamente o ano de 2140.
Por isso, assim como o ouro, que também não é infinito, aqui no nosso planeta, o Bitcoin já vem sendo usado também como reserva de valor.
Mas o Bitcoin é muito volátil e ouro não
Isso é fato! E acredito que o tempo será o melhor remédio. Esse também é um problema de duas vias, pois, para o preço do bitcoin estabilizar, ele precisa de mais empresas e usuários o adotando e empresas e usuários buscam justamente por preços estáveis.
Para exemplificar melhor, utilizarei um gráfico da Curva de Adoção de uma nova tecnologia ou produto, teorizado por Everett Rogers:
No começo, quando se trata de especulação, o que se dava para ganhar com o Bitcoin era muito pouco, pois apenas os entusiastas e visionários apoiavam o projeto.
Com o passar do tempo, o Bitcoin provou ser uma solução sólida e segura, e para mim venceu o abismo, fase em que muitas criptomoedas deixam de existir.
Acredito que hoje estamos em alguma região da fase dos pragmáticos, pois muitas empresas estão adotando o bitcoin, e até mesmo países, como o caso de El Savador, que o tornou sua moeda.
E o que a volatilidade tem a ver com isso? Simples.
Quanto mais pessoas, mais liquidez, quanto mais liquidez, menos volatilidade.
O bitcoin já se tornou main-stream e a tendência é ser ainda mais aderido.
Ordem Executiva 6102
Este é um exemplo prático de como o seu próprio dinheiro não poderá ser mais seu amanhã.
Com a Ordem Executiva 6102, emitida pelo então presidente Franklin D. Roosevelt, foi ordenado que todos os cidadãos estadunidenses deveriam entregar seu ouro para o banco central dos EUA.
Em troca, os cidadãos receberam cerca de 20 dólares por onça de ouro. O valor correspondia ao preço do metal em vigor naquela data. Quem não entregasse o ouro que possuía estaria sujeito a uma pesada multa.
O valor era de US$ 10 mil, bastante para a época. A posse ilegal de ouro também poderia render até 10 anos de prisão.
Mas por que Roosevelt ordenou o confisco de ouro dos cidadãos? Simples: O governo queria que o dólar perdesse valor devido à Grande Depressão, a maior crise financeira registrada na história.
A maior parte dessa crise foi gerada pelo próprio estado, graças às medidas econômicas equivocadas, que agora buscava intervir e solucionar o problema que ele mesmo causou.
Na época, muitos economistas defendiam a impressão de dinheiro como parte da solução, pois com mais dólares na economia, mais desvalorizado ele se tornaria.
Contudo, o dólar era lastreado em ouro, o que dificultava imprimir dinheiro indiscriminadamente, ou seja, para cada dólar impresso, os Estados Unidos deveriam uma quantidade predefinida de ouro nos seus cofres.
Isso também significava dizer que o dinheiro de papel não era literalmente só papel, e tinha algum valor por trás.
Portanto, a medida do presidente de tomar o ouro das pessoas desvalorizou ainda mais o dólar, pois agora o governo tinha ouro para imprimir mais dinheiro, e ainda conseguiu de quebra injetar bastante dinheiro na economia, usando o próprio dólar como moeda de troca pelo confisco.
Onde quero chegar: E se quiserem tomar meus bitcoins? Temos que entender o passado para que histórias como essa não precisem se repetir.
Bitcoin vai substituir o Dólar?
Já falei sobre o dólar ser lastreado em ouro há um tempo, e agora vamos falar dele mais uma vez. Se hoje o Bitcoin existe, além de claro, agradecer ao Satoshi Nakamoto, você também deve agradecer ao Richard Nixon, ex-presidente dos Estados Unidos.
Ele deslastrou o Dólar do ouro, tornando de uma vez por todas a impressão de dinheiro mais simples. Por isso, vou falar sobre inflação e talvez, a principal causa dela.
Resumidamente tudo se baseia na lei da oferta e demanda.
Imagine: O que é mais valioso? Um objeto escasso ou um extremamente comum? Com o dinheiro é a mesma coisa.
Quanto mais dinheiro é impresso, menos valioso ele se torna, pois, a quantidade de dinheiro no ecossistema aumenta.
O exemplo prático de inflação é, você não conseguir mais comprar no mercado o que você comprava com R$ 100 antigamente.
Resumi bastante o tema e dei 1 dos motivos dela existir, porém é exatamente sobre impressão desenfreada de dinheiro que quero falar. Você se lembra quando disse que o Bitcoin é escasso?
Para o BTC inflacionar é mais complexo, pelo contrário, a tendência é aumentar o valor, pois se algo é mais difícil de conseguir, tende a se tornar mais caro, levando em consideração quão útil isso é para a sociedade.
Mais uma vez a lei da oferta e da demanda agindo. Satoshi criou o Bitcoin para você não depender da boa capacidade técnica de economistas, políticos e bancos centrais
Como já falei, Satoshi definiu uma quantidade de Bitcoins que podem ser minerados. Isso não significa que o BTC vai acabar, apenas que existirão 21 milhões de unidades “impressas”.
Tenha em mente que esse número tende a ser ainda menor, pois existem moedas que desaparecem por inúmeros motivos. Seja esquecimento da senha de uma carteira, ou incompatibilidade entre elas.
Perceba então, que o Bitcoin não é emitido por Bancos Centrais, sendo assim, não está sujeito a políticas monetárias fracassadas de nenhum país.
Vale ressaltar que países podem regular o BTC, mas conseguir parar um método de pagamento P2P é mais complexo como você já entendeu nesse artigo.
Qual o futuro das blockchains e do Bitcoin?
Existem inúmeras blockchains, assim como já existem inúmeras criptomoedas. Segundo o Coinmarketcap, existem mais de 21.000! Dentre essas, boa parte são fraudes. Aliás, você sabe quais outras criptomoedas existem, para o que servem e como lucrar sem cair em golpes?
Falarei sobre esses temas no próximo artigo aqui do blog, que será publicado quarta-feira, dia 28/09/22. Não perca!
Acertar o futuro não é tarefa fácil, mas estamos caminhando cada vez para um destino multi-chain, com blockchains conectadas umas às outras, onde protocolos feitos para integrar esses ecossistemas e oráculos que trazem informações do mundo real para as blockchains podem se sobressair.
O futuro em que existirão cada vez mais criptomoedas e blockchains está em andamento.
